29 de março de 2016

Recordo-a… 

Estávamos sentados no autocarro que apanhámos em Puebla e, depois de aproximadamente 1h30 de viagem, começávamos a ser acolhidos pelos subúrbios. Até chegar ao terminal, onde o autocarro nos deixaria, iriam passar mais 60 minutos, uma hora de cidade… A maior onde já alguma vez estivemos.

Os amontoados de casas iniciavam-se, primeiro, nas encostas e continuavam, depois, pelas ruas planas e infinitas dos bairros periféricos. Enormes!
Confuso. Todo o trânsito, desordenado, numa amálgama que flui, alheia à nossa incompreensão.
Começamos lentamente a fazer parte da urbe, a misturar-nos com um registo tão diferente daquele que nos é mais confortável.

Chegámos!

A nossa sorte, aquela que nos tem acompanhado fielmente, providenciou-nos uma chegada calorosa, familiar. A Ana Maria foi buscar-nos à estação. Conhecemo-la um mês antes, noutro lugar, onde tinha ido trabalhar. Foi mais uma daquelas pessoas especiais que nos ofereceu amizade e hospitalidade.

Com ela apanhámos um táxi para o bairro onde vive - Claveria. Esperámos pela sua filha, Paulina (que tratamos por Pau) e fomos até ao bairro Condesa, num prelúdio do que seria a nossa visita por alguns dos lugares mais bonitos e aprimorados da cidade.  



O bairro Condesa tem um charme muito próprio e uma singular avenida oval que na época do presidente Porfírio Diaz foi pista de um hipódromo. Tem restaurantes bonitos e sofisticados, lojas de bombons de chocolate, um grande jardim e muitas árvores. Uma pausa refrescante no coração desta cidade tão movimentada, colossal e com muito mais poluição do que seria desejável.



Os mais de 20 milhões de habitantes distribuem-se pelos diferentes bairros da cidade, cada um, com uma identidade própria. Um dos imperdíveis é o de Coyoacan – terra de coiotes –mais conhecido pelo bairro onde viveu a incontornável Frida Khalo. 



Coyoacan tem uma atmosfera pitoresca e intelectual. Por entre as suas casas coloridas e pequenas, desenham-se as ruas estreitas e geométricas. No dia em que lá estivemos chovia bastante e, por isso, soube-nos bem aceitar o convite da Ana e da Pau para apanhar o autocarro turístico e ficar a conhecer um pouco mais sobre a história do bairro.






Completámos a visita com uma ida ao Mercado das Quesadillas. Lá, só é preciso escolher um dos balcões, sentar-se, pedir pelo menos duas, com recheios diferentes e… desfrutar o petisco! Nada mais fácil!




Ao todo ficámos três dias na Cidade do México. Foram poucos para conhecer tanto… Mas foram muito bons.

Dentro da cidade, chega-se a quase todos os lugares apanhando o metro, se possível, evitando as horas de ponta. A Ana explicou-nos que há alguns anos o metro era um transporte mais inseguro, haviam alguns roubos. Mas agora estava bem mais tranquilo. Nós apanhámo-lo várias vezes sozinhos e sentimo-nos sempre confortáveis. 

Também existem autocarros, ainda que nos tivessem parecido mais confusos… Só apanhámos um e estávamos acompanhados pela Ana que nos guiou pelo caminho certo. Tal como o metro são uma solução muito económica para andar pela cidade.

Outra possibilidade são os táxis, mas não os recomendamos. Os taxistas são conhecidos por “enganar” os clientes, sobretudo os que não conhecem a cidade, tentando dar uma volta mais longa e dispendiosa… Quando apanhámos algum estávamos sempre acompanhados pelas nossas anfitriãs que faziam questão de explicar em detalhe o caminho que queriam seguir.

Tivemos oportunidade de visitar lugares muito bonitos. Começámos por caminhar pelo centro, visitando o Zócalo e a Catedral, seguindo por uma das avenidas pedonais e admirando edifícios como o Palácio de Belas Artes ou o dos correios onde ainda funcionam todos os serviços.










Um pouco afastado do centro, mas não muito longe, fica o Castelo de Chapultepec, no centro de um bosque urbano com o mesmo nome. Foi residência do imperador francês Maximiliano e atualmente mostra-nos algumas das divisões decoradas como naquela época, exposições sobre a história do México e impressionantes murais pintados nas paredes.








O edifício só por si já vale a visita e tendo em conta tudo o que podemos admirar no seu interior, bem como o que podemos aprender sobre o país, tornam o castelo um dos pontos altos na visita. E se isso ainda não for suficiente, há também as bonitas vistas sobre a cidade que desde lá se alcançam.




Outro dos imperdíveis é o Museu Nacional de Antropologia, onde facilmente se pode passar um dia inteiro e, mesmo assim, não se ver tudo. São dois andares de puros tesouros históricos e culturais. No rés-do-chão, as diferentes salas contam-nos o que se sabe sobre as antigas civilizações que viveram neste território… Ficamos a saber que existiram muito mais povos do que aqueles que conseguimos memorizar e que vão muito além dos mais conhecidos e recentes Mayas e Aztecas.   





No primeiro andar, descobrimos a beleza dos povos indígenas. Muitos deles ainda marcam uma presença forte e continuam a prolongar na atualidade os seus hábitos e costumes. São povos fascinantes, de quem muito podemos aprender no que concerne, por exemplo, ao conhecimento e respeito pela natureza.




A visita ao museu pode ser cansativa e longa. Por isso, é aconselhável começar cedo, ir fazendo umas pausas e simplesmente sentar-se a contemplar algumas das impressionantes peças que ali se encontram.




Para terminar a nossa passagem pela cidade, escolhemos visitar a Basílica da Nossa Senhora de Guadalupe. Este santuário católico recebe muitos visitantes durante todo o ano e, no dia em que lá fomos, estava cheio de vários grupos que certamente viriam de diferentes lugares do país. O Santuário é bastante maior do que imaginávamos. 

Para além da igreja antiga, que antes guardava a imagem da Virgem, existem atualmente um templo mais recente e enorme para onde transferiram a referida imagem, bem como várias outras capelas e lugares de oração.





Muitos mexicanos têm uma grande devoção pela Virgem de Guadalupe e pudemos assistir a várias demonstrações de fé que incluíam música e danças que denotam ainda a mistura entre os rituais indígenas e a cultura católica.



Sendo ou não crente, o lugar merece a visita para apreciar os diferentes edifícios e sentir a atmosfera de um sítio tão importante para o povo mexicano.



E assim terminaram os dias que passámos na maior zona urbana onde já alguma vez estivemos. Uma cidade muito bonita mas também muito grande e com um trânsito completamente louco.

Decidimos visitá-la sem vir de bicicleta. Achámos que o acesso à cidade seria demorado, confuso e stressante. Por isso, ficámos contentes por poder deixar a bagagem e as bicicletas em Puebla e ser transportados no autocarro até este lugar que todas as pessoas nos recomendavam visitar. E com razão!

A Cidade do México é verdadeiramente impressionante e é certamente um dos lugares imperdíveis na visita ao país. 

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