12 de setembro de 2015

Depois do frio e da chuva, veio o calor que nos aquece.
Às vezes aquece tanto, tanto, que gostávamos que fosse um pouco mais comedido…

Esta parte de Montana, que agora percorremos, estende-se num vale que parece não acabar. Tudo se pinta a uma só cor. Diferentes tonalidades de um bege de terra e de feno. De trigo.
Um beijo sumido de verde aparece tão escasso que mal se dá pelas árvores que lhe dão corpo.
Sem sombra. Quente. Quente. Tudo a tornar longo, o caminho.
Imenso na distância e no impacto que tem em nós. Que pequenos somos!









Nesta imensidão, vemos um rancho à venda. Tem uma casa bonita e à volta quilómetros e quilómetros de terreno sem nada. 
Muito quente no Verão. Muita neve no Inverno.
Preguntamo-nos quem quer morar ali?
Tão longe…
Mas a verdade é que estas distâncias que são longas para nós, não o são para os de cá. Na vastidão do país, talvez poucos sejam os lugares que ficam realmente distantes.
É no ritmo do nosso pedal que os caminhos são demorados.
Com a pele a reclamar do calor, procurámos um lugar de sombra para parar e comer… 
Serviu-nos uma parede de fardos de palha. Empilhados. Formavam um muro que nos separa da estrada e que quase isola o ruído dos carros a passar.




Depois desta pausa, o corpo resiste, acompanha devagar os pedais. Digere a comida e o caminho. Morosamente.
Formam-se pequenas gotas de suor. Ouvimos uns programas de rádio, em português, no formato podcast, que nos ajudam a introduzir variedade na paisagem e a fazer o tempo parecer mais curto e as distâncias menos longas.

Sorrimos. Sorrimos porque com calor ou frio, estar aqui é infindavelmente proveitoso.

Nos arredores de Three Forks está o parque de campismo onde vamos ficar. Felizmente, ocupa uma mancha de verde e está cuidadosamente gerido e mantido. 
Um casal de idade avançada recebe-nos. Têm uma certa doçura no rosto e uma rotina hospitaleira nas palavras.
Ficamos 2 noites. O descanso e a sombra convidam-nos e é tão fácil rendermo-nos.
É fim-de-semana e, embora já nos sintamos continuamente perdidos no calendário, aproveitamos a energia dos dias de descanso para também nos entregarmos ao repouso e quase nada fazer.


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